terça-feira, 5 de abril de 2016

Capítulo III - Brasília amanheceu diferente

Brasília amanheceu diferente.

O país não possui mais um Presidente da República. 
Na manhã anterior ocorrera um atentado onde foram mortos, além do Presidente da República, o Ministro da Defesa e alguns seguranças. Os membros da comitiva que não faleceram são mantidos em local isolado e a nação ainda não sabe o que aconteceu.
Alguns veículos de comunicação dizem que o chefe de estado pode ter fugido do país, já que estaria na iminência de perder o mandato e até de ser preso. Por sua vez, membros do partido do governo falam em atentado e prisão.

O acesso à Esplanada dos Ministérios foi fechado para a maioria dos brasileiros. Rádios e TVs logo pela manhã anunciavam que foi decretado feriado na capital. Ninguém sabe muito bem o que aconteceu. Nas redes sociais, principal canal de comunicação dos últimos tempos, as informações são desencontradas. De concreto o que se têm são as imagens das principais vias de acesso à capital fechadas por militares da Policia Militar do Distrito Federal.

       Vários veículos das Forças Armadas foram vistos se deslocando para a capital. Mas, não se tem notícia de tráfego de veículos como tanques de guerra, ou caminhões com artilharia, somente viaturas pequenas, ônibus e caminhões para transporte de tropas. 


Moura Galvão - Comandante do Estado Maior das Forças Armadas - estava preocupado. Tinha determinado que seus subordinados restringissem o máximo as informações sobre o ocorrido. Mas, em matéria de comunicações viviam um tempo difícil. Basta um celular de pouco mais de 5 cm para que uma informação falsa se espalhe por todo o planeta. 
Já havia telefonado para seu amigo, general McDonalds, auxiliar do Secretário de Defesa dos EUA, e pedido que repassasse as informações ao presidente dos Estados Unidos.

Haviam conversado na semana anterior e, diante do que já havia sido apurado sobre o governo do Brasil e demais membros do Foro de São Paulo, estavam de acordo. Acreditavam que uma ação militar seria a única alternativa para acabar com a verdadeira máfia político-criminosa formada pelos governos do trio Brasil, Venezuela e Bolívia. De dentro das forças armadas, principalmente por parte dos oficiais mais jovens, era alta a pressão para que as instituições militares saíssem da inércia e tomassem partido de alguma forma.. 
Os EUA já haviam, secretamente, tentado ajudar as poucas instituições ainda não corrompidas e resolver a situação. 
A própria abertura dos processos na justiça do Sul do Brasil fora feita com base em denúncias fornecidas pelos serviços secretos norte-americanos. Contudo, após dois anos de investigações, inúmeros inquéritos e processos, pouca coisa havia mudado no país e faltava pouco para que os planos da esquerda reacionária fossem colocados em curso. Armas russas e chinesas já lotavam os arsenais da Venezuela e Bolívia. As forças armadas brasileiras eram praticamente as únicas instituições militares sul americanas que não se encontravam totalmente submetidas ao jugo do Brics e Foro de São Paulo. 
O secretário de Defesa dos EUA externara a preocupação do presidente, que chegou a oferecer ajuda militar para solucionar o problema, que considerava da maior gravidade e de interesse de toda a população das Américas.

O general estava deprimido. Tinha consciência de que já era um velho e o que menos desejava no ocaso de sua vida era um novo regime militar no Brasil. De tão repetido, esse discurso esquerdista já fazia efeito até nele mesmo.
O Alto Comando havia conversado diversas vezes, traçado variáveis e inúmeros cenários possíveis, como o desenrolar de um jogo de xadrez. Grande parte das conclusões os levavam a temer que ao final tudo acabasse como um replay do período militar anterior, de onde os esquerdistas saíram como heróis, com o endosso da sociedade, que os escolheu para os principais cargos políticos da nação.

Se isso acontecesse o que seria de seus filhos, de seus netos? Terminariam a vida carregando o estigma de pertencer a uma família de, assim chamados, "torturadores"? O general tinha prometido para si mesmo que se tivessem de agir, dessa vez seria diferente. iam usar Gransci a seu favor e dessa a vez a contra-revolução seria também cultural.

__General, general. Um oficial ofegante entrou repentinamente e retirou Moura Galvão de seus devaneios.  __ Recebemos um informe, já confirmado. Há um grupo de cerca de 500 pessoas se dirigindo para a subestação número 4, que abastece a maior parte da capital federal.
__Quem são e por que não foram impedidos ainda? Perguntou o general.
__ Nosso homem infiltrado no grupo informou que há muitas crianças e que a intenção é usá-las como escudo. Se tentamos impedi-los certamente haverá confronto. Eles têm algumas armas de fogo.
O general levantou da cadeira e esbravejou. __Sim, haverá confronto. Não é isso que vocês queriam, ou acreditavam que seria de outra forma? 
O militar mais jovem ficou quieto. Ele sabia que após os gritos viria uma ordem extremamente coerente e responsável. Moura Galvão se acalmou, e se sentou.

__Ha redes de telefonia funcionando no local?
__ Não, todas já foram desligadas.
__ Então mande reprimir com dureza.
__Mas... E as crianças? Questionou o oficial mais jovem.
__ Mande reprimir com dureza. Repetiu. E continuou:
__Nós temos uma estratégia para esse tipo de situação. Siga o que já foi pre-estabelecido. Em seguida façam uma revista minuciosa. Não quero nenhuma imagem do acontecido. Agora vá, não quero ficar sem energia hoje.

O plano anteriormente definido era bem simples. O militar infiltrado eliminaria as principais lideranças do grupo. Em seguida a tropa chegaria de helicópteros e em seguida iniciaria a repressão, em uma ação quase corpo-a-corpo. Com o mínimo possível de baixas no inimigo.


Já no primeiro incidente o principal chefe militar do país percebeu que o inimigo fazia jus a doutrina que  tanto defendia. Não hesitaria mesmo em usar de todos os meios possíveis para se transformar em vítima, mesmo que fosse preciso expor seus próprios filhos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário